segunda-feira, 20 de junho de 2011

Artigos: Atendimento aos idosos no consultório odontológico

Vilma Azevedo da Silva Pereira
Prof. Adjunto da Faculdade de Odontologia da UFRJ


1. INTRODUÇÃO:
Os idosos são os pacientes que sofrem o maior número de alterações fisiológicas corpóreas, devido à diminuição da eficácia orgânica. A manutenção da saúde e do bem estar destes pacientes são os fatores mais preocupantes para a sociedade, e em especial para familiares e para aqueles que lidam com tais pacientes. Trata-se de uma parcela crescente na população atual, devido à tendência de aumento da expectativa de vida nos países em desenvolvimento. Tal aumento é resultante das melhorias de higiene e saúde, da prevenção e controle de infecções, do desenvolvimento de novos medicamentos e de melhores hábitos alimentares.

Acompanhando tal evolução duas áreas científicas vêm obtendo destaque: a Gerontologia e a Gerodontia. A Gerontologia pode ser definida como: "O ramo do tempo, com particular referência aos estágios pós-maturacionais" (Sociedade Gerontológica - 1959). A Gerondontia é o ramo da odontologia que se preocupa com as manifestações orais relacionadas aos idosos.

O cirurgião-dentista deve, portanto, conhecer as alterações inerentes à idade, sua relação com estado fisiológico, patológico e psicológico do idoso, assim como a influência de tais fatores na execução de procedimentos prostodônticos. (4,8)

2. - FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO
2.1 - ALTERAÇÕES SISTÊMICAS DO ENVELHECIMENTO
Ao analisarmos o paciente geriátrico, podemos notar uma série de alterações em sua fisiologia, e tais modificações constituem processos naturais que refletem a pura e simples ação do tempo, não consistindo, assim, em patologias propriamente ditas.

É de grande valia que o cirurgião dentista tenha conhecimento a respeito das modificações supracitadas, a fim de que se torne habilitado a promover um tratamento mais adequado a este grupo particular de pacientes especiais em sua Clínica Odontológica. Baseado nisto, serão expostas a seguir as principais alterações sistêmicas que acometem o ser humano com o alcance da velhice: (4,8)
· PELE
Com o passar dos anos a pele torna-se fina, enrugada, ressecada, flácida e cheia de sardas. Em decorrência da redução de espessura da pele, há um acúmulo de melanina (pigmento amarronzado que dá cor à pele e aos cabelos), gerando pigmentação da pele. Tais pigmentos ocorrem mais freqüentemente no dorso das mãos e os pacientes, muitas vezes ignorantes ao fato, temem ser portadores de lesões cancerígenas.

A pele da face apresenta uma grande preocupação estética por parte do paciente e, assim, as rugas faciais (particularmente aquelas localizadas ao redor da boca) muitas vezes causam tormento e angústia mental nestes pacientes, fazendo com que eles muitas vezes venham a nos propor a confecção de próteses com dentes em posições indesejáveis para o suporte das próteses, visando estender ou contornar demasiadamente as próteses, ou diminuir a distância interoclusal, visando a abolição de tais rugas peri-orais.

Devemos, então, discutir tal questão antes do início da confecção da prótese e esclarecer ao paciente que estas alterações são próprias e naturais da idade. (8)
· MUCOSA ORAL
Muda de modo semelhante à pele, tornando-se fina, frágil, e, assim, reagindo de forma negativa à pressão realizada pelas próteses totais usadas por pacientes edêntulos. (8)

· SALIVA

Tanto a quantidade da saliva produzida (torna-se reduzida), como a sua qualidade (torna-se viscosa) são alteradas.

Portanto, a retenção das próteses é dificultada (em virtude da ausência de lubrificação e da alta viscosidade da saliva), fazendo com que haja fricção da prótese sobre a mucosa oral e, conseqüentemente, lesões teciduais.(8)
· MUDANÇAS NEUROMUSCULARES
É notória a falta de coordenação motora dos pacientes idosos em decorrência da perda do tônus muscular e da redução da condução do impulso nervoso, tornando-se difícil o trabalho em pé e gerando cansaço fácil e rápido destes pacientes quando eles realizam tarefas pequenas.

A nível facial, há a queda das bochechas e a protusão da mandíbula em conseqüência da substituição das células musculares por tecido fibroso.(8)

· MEMÓRIA

Os pacientes não conseguem lembrar de fatos recentes e de nomes e lugares novos, porém muitas vezes conseguem relatar acontecimentos ocorridos há muito tempo.

Podem repetir inúmeras vezes a mesma história pertencente ao seu passado e deixar o cirurgião -dentista entediado.

Portanto, este deve ser paciente e ter consciência que de nada adianta tentar mudar este comportamento, pois o paciente continuará a repetir os seus relatos repetitivos.(8)
· CIRCULAÇÃO, ALIMENTAÇÃO E ELIMINAÇÃO
As circulações sanguínea e linfática são reduzidas em pacientes geriátricos. A digestão dos alimentos é dificultada secundariamente ao aumento do pH do suco gástrico produzido pelo estômago (isto pode levar o paciente a se automedicar, lançando mão de laxantes). Porém, estes tornam a passagem do alimento ao longo do tubo digestivo acelerada, impedindo a absorção eficaz dos nutrientes e gerando problemas nutricionais.(6,8)
· NUTRIÇÃO E DIETA
Este item abrange uma particular importância, à medida que os pacientes geriátricos são, muitas vezes, edêntulos e estes têm claramente uma diminuição da função mastigatória (realizada pelos dentes). O cirurgião-dentista e as pessoas que convivem com tais pacientes deverão se atentar ao controle da dieta. Entretanto, os idosos que moram sozinhos na maioria das vezes não se preocupam com a preparação de refeições equilibradas para seu próprio benefício e muitos só comem uma vez por dia (em virtude da perda de suas faculdades mentais e da conscientização a respeito do passar do dia, não respeitando os horários das refeições habituais).

As proteínas e os carboidratos são os alimentos mais importantes para a nutrição do paciente idoso, sendo as calorias requeridas em uma menor quantidade. Isto é devido à limitação da atividade muscular e ao fato de estas pessoas serem menos ativas. O problema é que muitos pacientes esquecem da dieta protéica e passam a consumir somente carboidratos em grandes quantidades, voltando aos hábitos infantis. A suplementação vitamínica recomendada pelo médico normalmente é rejeitada pelo paciente, complicando ainda mais sua deficiência nutricional. Cabe, então, à família tomar os devidos cuidados com a nutrição do paciente, a fim de preservar a sua saúde da melhor forma possível.

A alta ingestão calórica pode levar o paciente a um quadro de obesidade e esta, por sua vez, está relacionada com problemas cardíacos. O grande consumo de carboidratos pode ser devido a problemas emocionais, desordens metabólicas e/ou atrofia dos botões degustativos da papila para o paladar dos doces. Drogas para diminuir o apetite agem sobre o Sistema Nervoso Central, podendo aumentar a pressão arterial e gerar nervosismo.

Se o paciente fizer dieta para emagrecer, efeitos controversos (como a avitaminose) poderão surgir. A perda de peso é refletida a nível protético com a redução da acomodação e da retenção da prótese dentária, em decorrência da alteração dos tecidos de suporte.

Assim, a dieta do paciente determina a viabilidade do uso de próteses totais em pacientes edêntulos, podendo estar os geriátricos incluídos neste grupo.(6,8)
· POTÊNCIA SEXUAL
A potência e o vigor sexual diminuem com a idade, sendo as manifestações diferentes de acordo com o sexo e com as particularidades do indivíduo. Em geral, a mulher pode tornar-se frígida e o homem com incapacidade de ereção durante a excitação sexual. Muitas vezes as pessoas poderão não aceitar tais acontecimentos e se frustrarem, gerando problemas psicológicos.(8)
· SENTIDOS
O sentido da visão é perdido gradualmente com o passar do tempo. Poderão surgir problemas como cataratas e glaucoma, e muitas vezes o paciente não revela a perda da visão gerada por essas doenças por temer o diagnóstico do glaucoma ou o ato cirúrgico necessário para a cura da catarata. È um comportamento valioso do cirurgião-dentista o esclarecimento a respeito da possibilidade da redução da visualização ocorrer naturalmente e não haver nenhuma das patologias acima, devendo ser frizada a importância da consulta com o oftalmologista.

Proporcionalmente à redução da visão, temos uma redução da audição e da gustação (há perda dos quatro tipos de gosto: o salgado, o doce, o amargo e o azedo) dos pacientes idosos.(8)
· PERDA DOS DENTES
A percentagem que dita a quantidade de edêntulos existentes é assustadora, mas realista. Considerando-se pessoas com mais de 65 anos de idade, temos que:

* 60% dos homens são edêntulos
* 70% das mulheres são edêntulas

A conseqüência de tal fato é, aliado com a perda do paladar, a geração de deficiências nutricionais nestes pacientes, em virtude, obviamente, da extrema dificuldade mastigatória intrínsica aos mesmos.(8)
· OSTEOPOROSE GENERALIZADA
É a alteração óssea sistêmica mais comumente encontrada, abrangendo ambos os sexos, porém ocorrendo mais precocemente nas mulheres. A seguir são expostos alguns sintomas patognomônicos desta doença em questão:(8)

* Dores lombares
* Perda de altura facial e corporal
* Paralisias e alguns tipos de deformidades
* Fraturas (nos casos mais avançados)
* Atrofia do rebordo alveolar residual
2.2 - FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO ORAL

Os componentes da cavidade oral sofrem um processo de envelhecimento, assim como todo organismo. São observadas alterações fisiológicas e anatômicas que modificam todo o funcionamento da estrutura bucal.

Os dentes são elementos calcificados que apresentam como principal característica a interação como meio externo, o que os difere dos demais componentes calcificados do esqueleto. Em função disso, observa-se algumas adaptações fisiológicas que se processam durante o ciclo de vida da dentição normal. Dentre elas:

· o desvio mesial dos dentes provocado pelas forças de oclusão;
· a atrição provocada pela mastigação e abrasão decorrente de hábitos viciosos;
· o escurecimento dos dentes;
· a mineralização dos túbulos dentinários por calcificação progressiva, o que causa redução da permeabilidade e aumento da sensibilidade à dor;
· a redução da câmara pulpar decorrente da deposição contínua de dentina durante toda a vida de um dente normal (a dentina secundária, que se forma lentamente sobre as paredes internas da câmara pulpar), o que faz com que os canais radiculares tornem-se obliterados com o passar do tempo.(4,8)
Também é possível notar modificações no tecido periodontal com o envelhecimento. Ocorre um aumento na textura do tecido fibroso devido a uma redução da celularidade da submucosa, mas o aspecto clínico da gengiva saudável não apresenta modificações relacionadas com a idade.(2)

A mucosa oral do idoso apresenta-se espessada nas regiões de epitélio queratinizado, juntamente com uma redução da espessura da camada basal.

Isso gera dificuldade de renovação celular da mucosa oral. Nas áreas não queratinizadas o epitélio torna-se mais vulnerável a traumas, ocorrendo ainda uma desidratação tecidual progressiva devido à perda de água intracelular.(2,4,8)

Na língua as alterações se dão, principalmente, ao nível das papilas. Ocorrem perdas e atrofias das papilas filiformes, dando à superfície da língua um aspecto liso e acetinado. Também há atrofia das papilas circunvaladas. A língua pode apresentar-se fissurada em decorrência de varicosidades nodulares na superfície ventral., o que ocorre, principalmente, após os sessenta anos de idade. Tal alteração afeta o sistema superficial e leva a uma diminuição do paladar e perda de apetite, o que a longo prazo causa problemas nutricionais.(4,8)

3 - ATITUDE MENTAL DO IDOSO
3.1 - COMUNICAÇÃO
A comunicação é um fator fundamental que deve ser estabelecido a fim de que haja um entendimento entre as pessoas.

Os pacientes idosos, em geral, apresentam algum problema de falta de audição o que torna a comunicação mais difícil. Desta forma, o profissional deve utilizar uma boa entonação de voz, um vocabulário fácil e, sobretudo, muita paciência.(2)

Antes de se iniciar qualquer tipo de procedimento é essencial que se estabeleça uma relação harmoniosa entre o paciente e o profissional a fim de se eliminar a insegurança e o medo característicos do primeiro contato. A expressão do medo pode ser o reflexo de uma experiência traumática anterior, e às vezes é difícil de ser diferenciada do quadro de ansiedade. Este pode significar um distúrbio mental devido a experiências passadas, ou pode, ainda, ser uma expressão da própria idade ao se deparar com algo novo. A confiança depositada no cirurgião-dentista pelo paciente facilita muito a execução do tratamento, cujo planejamento deve ser relatado ao mesmo. O dentista deve entender como lidar com problemas psicológicos, bem como com os problemas dentários de seus pacientes. O profissional precisa saber que as mudanças de comportamento ou de personalidade ocorrem com a idade e reconhecer que, durante o exame clínico do paciente, ele poderá deparar com tais ocorrências.(4,5)

Durante a consulta, é aconselhável permitir que o paciente fale a respeito dos seus problemas, de sua saúde geral, de sua família, de seus hábitos, enfim, sobre tudo aquilo o que desejar, para que o mesmo se sinta relaxado e à vontade, evitando que se estabeleça um quadro desfavorável de ansiedade.

Isto também permite ao profissional obter dados importantes sobre este paciente que possam auxiliar no diagnóstico ou plano de tratamento. É importante que alguma informação que não tenha sido fornecida seja obtida com os familiares.

A comunicação com o médico do paciente que apresenta algum problema sistêmico também é fundamental. (4,5,8)

3.2 - CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO HOUSE PARA AS ATITUDES MENTAIS DOS IDOSOS
1. Paciente filosófico
· Tem uma boa aceitação das próteses;
· É racional, sensível, calmo e sereno diante de situações difíceis;
· Tem uma motivação generalizada; Organiza bem seu tempo e hábitos;
· Elimina facilmente vãs frustrações e aprende rapidamente a se ajustar.(8)
2. Paciente exigente
· Pode ter todos os atributos do tipo filosófico; Ele requer muitos cuidados, esforços e paciência por parte do dentista;
· É metódico, preciso e faz muitas reinvindicações;
· Gosta de saber os mínimos detalhes sobre seu tratamento;
· Se for inteligente e compreensivo é fácil de atende-lo, mas se não for muito inteligente é possível que se gaste algumas consultas para explicar o tratamento.(8)
3. Paciente indiferente
· O prognóstico para este paciente é questionável ou desfavorável;
· É apático,desinteressado e não apresenta a menor motivação;
· Não presta atenção às instruções e não coopera;
· Aconselha-se um programa de educação antes de se iniciar o tratamento;(8)
4. Paciente histérico
· É emocionalmente instável, excitável, excessivamente apreensivo e hipertenso;
· O prognóstico é desfavorável;
· É recomendada uma ajuda psquiátrica antes do tratamento dentário.(8)
Existe uma outra classificação:
1.Realistas
* São os tipos filosóficos e exigentes, apresentando grande disposição e vigor;
* Sabem se impor e garantir seu espaço;
* Tem orgulho de sua aparência e possuem um nível de saúde oral.(8)
2.Ressentidos
* São os tipos histéricos ou indiferentes;
* São doentes de forma crônica emocional e fisicamente;
* Resistem e ressentem-se do envelhecimento;
* Não são pessoas respeitadas e, portanto, tornam-se indignados;
* São negligentes consigo mesmo e com sua saúde;
* O tratamento deve ser bem planejado, pois estes pacientes estão sujeitos a diversas doenças;
* São pessoas que se esquecem facilmente das coisas, fazem confusões de coisas e pessoas e podem descrever dores onde não há indícios de doença;
* Muitas vezes, ele não desejam o tratamento, indo apenas por pressão familiar e, nestes casos, o dentista deve explicar o que será feito, transmitindo confiança ao idoso.(8)
3.Resignados
· São aqueles que variam em seus estados emocional e sistêmico.(8)

3.3 - REAÇÕES ÀS MUDANÇAS PSICOLÓGICAS

Na reposição de dentes naturais por dentes artificiais, o dentista deve conhecer os conceitos de aparência e deve procurar atender os requisitos estéticos de cada paciente. A vaidade sugere admiração por si próprio, além do desejo de ser admirado pelos outros.

Muitas vezes, naqueles pacientes que não aceitam o envelhecimento como algo natural, é difícil encontrar requisitos estéticos satisfatórios, já que estas pessoas insistem que a prótese deve ser colocada e contornada a fim de recriar uma aparência jovem. Muitos deles querem remover a dentição natural devido ao posicionamento, relação mandibular, ou ainda, porque os sinais da idade os desagrada. O cirurgião-dentista deve tentar explicar que essa medida não é mais sensata.(5,8)

4 - ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO
4.1 - MUDANÇAS PATOLÓGICAS GERAIS
Durante o processo de desenvolvimento, algumas mudanças começam a ocorrer. É de grande importância para o cirurgião -dentista conhecer os sinais e sintomas destas mudanças, pois estes podem ser facilmente registrados durante uma entrevista inicial com o paciente sendo indicativos de diversas patologias. Quando estes sinais e sintomas são observados na face, na compleição, na postura, na voz, no sistêmico.

As principais causas de incapacidade dos idosos são as doenças cardíacas e vasculares hipertensas, tuberculose, doenças nos ossos e juntas, acidentes, nefrite, câncer e doenças de visão. Estas mudanças resultam em um estado de saúde mental e físico enfermos, caracterizado pela fraqueza, senilidade, falta de estabilidade mental, culminado com a morte.(3,7,8)
Alterações na expressão facial
· Ausência de expressão facial pode significar uma perda de tônus muscular ou pode ser uma imobilização voluntária dos músculos da face devido ao medo de mostrar que sente dor;
· Uma expressão de máscara pode ser notada em pessoas que se submeteram a inúmeras cirurgias plásticas, pessoas com paralisia facial ou com hipertireoidismo.(8)
Alterações de cor e aparência da pele
· Uma tez pálida pode significar anemia, hipertireoidismo, lesões degenerativos nos túbulos renais ou doenças debilitantes como a tuberculose;
· Uma pele rosada é indicativo de politemia ou neoplasma;
· Uma coloração bronze é na doença de Addison, mas áreas bronzeadas na pele da face e pescoço pode indicar que o paciente já fez terapia radioativa;
· Uma pele azul avermelhada pode ser devido a uma carência de vitamina B2;
· A tez cianótica é notada nos pacientes com doenças cardiovasculares ou pulmonares;
· A cor amarela esverdeada (da icterícia) é encontrada em pessoas com doenças de vesícula biliar, fígado ou ducto biliar;
· Um aumento de pigmentação pode significar insuficiência da glândula supra renal;
· Uma pele com lesões ulceradas pode ser causada por carcinoma celular;
· Uma pele feminina que apresenta crescimento excessivo de pêlos pode ser indicativo de síndrome de Cushing ou síndrome da menopausa. (7,8)
Alterações de postura e andar
· Pacientes com ombros inclinados para frente podem ter desvios na espinha;
· Uma protusão mandibular pode indicar desconforto na articulação temporomandibular (ATM);
· Tremores de cabeça podem estar relacionados a doenças de Parkinson ou pessoas que fazem uso de tranqüilizantes;
· Arrastar uma das pernas ao andar pode ser indicativo de problema cardiovascular.
· Andares apressados involuntários acompanham a doença de Parkinson;
· Empurrar com força o pé contra o chão podem ser observados em pacientes com problemas dorsais ou de vértebras espinhais;
· Um andar cambaleante pode ser causado pela ingestão de álcool, uso excessivo de medicamentos, como relaxantes, hiperventilação ou prejuízo cerebral ou da coluna dorsal.(8)
Alterações de voz
· Hipernasalidade de voz pode ser indício de paralisia dos músculos do palato mole e/ou das paredes lateral e posterior da garganta ou, ainda, de uma perfuração do palato;
· Uma voz rouca pode ser resultante de uma paralisia das cordas vocais, faringites, pólipos, ulcerações, excesso de fumo ou tumor de cordas vocais;
· Mulheres idosas podem apresentar uma voz masculinizada devido à síndrome da menopausa
Alterações do padrão de respiração
· Respiração ofegante e dificultosa pode ser observada em portadores de asma, enfizema, infecções dos brônquios e deficiência cardíaca;
· Dispnéia pode ser vista em doenças pulmonares e deficiências cardíacas;
· Respiração superficial e rápida pode indicar fibrose pulmonar avançada;
· Respiração errada, hiperventilação contínua e respiração periódica podem representar sérios problemas pulmonares, renais ou cardíacos, ainda, distúrbios emocionais;
· Pacientes que sentam na beira da cadeira e parecem relutantes a sentar mais para trás podem apresentar ortopnéia (dificuldades de respiração quando em uma posição mais inclinada). (7,8)
4.2 - MUDANÇAS PATOLÓGICAS ORAIS
A maior parte dos pacientes com mais de 65 anos apresentam reabsorção do rebordo alveolar e a mucosa que o cobre mostra sinais de uso.

Uma prótese colocada de maneira incorreta pode provocar uma hiperplasia inflamatória que, também, pode ser causada por falha na remoção da prótese para descanso ou limpeza.

É comum o aparecimento de lesões brancas podendo ser líquen plano, leucoplaca, monilíases ou carcinoma de células escamosas. Quando aparecem lesões tipo uma massa coberta por mucosa rosa e forte, sem dor, sem ulceração e mal definida pode ser um fibrossarcoma. Se for uma massa de consistência firme, rosa forte ou vermelho, bem circunscrita localizada no palato mole ou duro pode ser um tumor misto. Uma elevação unilateral do palato na região de segundo pré molar e molar pode ser indício de neoplasma do antro maxilar. (4,7,8)

Uma deficiência de riboflavina pode provocar o aparecimento de uma descoloração púrpura na língua e atrofia da papila superficial e um aspecto liso e brilhante. Uma deficiência de vitamina B12 provoca uma mucositis. A formação de uma saliva pegajosa e grossa e a presença de um mucosa inflamada são indicativos de radioterapia.

Uma cianose da mucosa pode ser causada por policitemia, doenças cardíacas ou pulmonares.

A espessura muito fina da mucosa pode deixar transparecer os grânulos de Fordyce, podendo assustar o paciente com medo de câncer.

Petéquias na mucosa podem significar anormalidades sanguíneas, fragilidade capilar ou distúrbios nos órgãos formadores de sangue.

Idosos fumantes de cachimbo podem apresentar estomatite de nicotina. Pode ocorrer hiperplasia de papilas filiformes (língua peluda), coradas pelo fumo e alguns alimentos.

O relaxamento da musculatura da língua pode causar macroglossia. Este relaxamento é visto em alguns distúrbios hormonais ou quando os moçares inferiores são extraídos. Varicosidades na face ventral da língua podem representar problemas cardiovasculares ou pulmonares.

A saliva pode ficar mais mucosa e pegajosa, quando há uma perda de atividade das glândulas cerosas ou, ainda, pode ocorrer xerostomia, quando há uma atrofia das glândulas salivares.(2,3,4,7)
Fatores Locais
Abrange sinais e sintomas de alterações fisiológicas ou patológicas importantíssimas para o correto diagnóstico.

1.Mau hálito resultante da má higienização bucal (incluindo descuido com a limpeza das próteses), de lesões de tecido mole, de uso abusivo de cigarro, de uma dieta rica em alimentos floculados e refrigerantes, de problemas gastrointestinais, da respiração cetônica do diabético ou do odor amoníaco.

2.Rugas, cabelos brancos, lentidão na percepção e fala são indícios de baixa taxa metabólica basal.

3. Aumento do volume da cabeça

4. Inchaço das mãos e pés, além de dedos alongados com aumento das juntas entre eles.

5. Obesidade.

6. Pele e lábios secos oriundos da xerostomia. O câncer dos lábios é a doença maligna mais comum da boca.

7. A congestão nasal ou a falta de elasticidade e secura da mucosa nasal podem causar a respiração bucal que promove o ressecamento da mucosa bucal.

8. Presença de protusão mandibular.

9. Sífilis congênita.

10. Papilas grandes podem evidenciar glaucoma.

11. A presença de protusão unilateral do globo ocular pode ser indicativo de tumor.

12.Deficiência cardíaca, pericardia ou obstrução de veia cava superior são comumente evidenciadas pela distenção das veias do pescoço.

13.A pulsação rigorosa das artérias do pescoço pode indicar insuficiência aórtica, arteriosclerose ou aneurisma.

14. Nódulos linfáticos do pescoço ou a glândula tireóide infartados pode indicar infecção e gota, respectivamente.(4)

DOR
O reconhecimento de sua relação às doenças sistêmicas é essencial para o entendimento do paciente e de seus problemas.

Por exemplo, a dor intensa nos idosos caracteriza-se por uma dor intensa referida ao fígado, uretra, reto, períneo, sacro, região glútea e pernas.

A própria obstrução intestinal é acompanhada por dores locais. Nas mulheres, durante os anos pós menopausa, pode aparecer dores na língua (glossodinia).

Na parte posterior da faringe, atrás da língua, no ouvido médio e na região das narinas, podemos encontrar as dores paroxísmicas caracterizadas por queimação e pontadas.

A dor de tiques dolorosos, conhecidas como neuralgia trigeminal, é ardente e tem curta duração.

A dor facial psicogênica é caracterizada pela queimação, curta durabilidade e perfurante, acontece freqüentemente no período de menopausa ou pós-menopausa feminina.(2,4)

4.3 - PRINCIPAIS PATOLOGIAS GERAIS
O estado sistêmico do paciente deve ser avaliado antes de qualquer procedimento protético, já que a saúde da boca está diretamente ligada à saúde geral do paciente. O profissional deve estar atento aos fatores sistêmicos antes de executar o plano de tratamento, pois um determinado estado sistêmico pode agir localmente na boca, causando sintomas aparentes ou não.(4)
1.Anemia Perniciosa
· Sinais clínicos e sintomas: boca seca e distúrbios no paladar
· Alterações nas mucosas: mucosa mais frágil, mais susceptível a traumas por próteses.
· Considerações protéticas: Deve-se minimizar as áreas de pressão, controlando a estabilidade quanto à oclusão à fim de se evitar traumas que podem ferir a mucosa que está fragilizada. Além disso, a falta de saliva dificulta a retenção das próteses.(4)
2.Deficiência Vitamínica ou Nutricional

· Sinais Clínicos e sintomas: boca seca, perda de apetite, sensibilidade gustativa prejudicada, fragilidade capilar, perda de peso e debilidade em geral.
· Alterações nas mucosas: regeneração prejudicada, susceptibilidade a traumas. A mucosa torna-se fina e fica seca, prendendo-se à prótese podendo ser removida por ela. Adicionalmente, possui uma baixa resistência à infecção.
· Alterações ósseas: Destruição alveolar severa com baixo teor de Ca e desequilíbrio Ca/PO4. Osteoporose com deficiência de vitamina e diminuição de proteínas.
· Alterações no S.N.C. e muscular: depressão, músculos estirados e debilitados.
· Considerações protéticas: Em pacientes edêntulos, recomenda-se tratamento sistêmico e protético com a finalidade de prevenir reabsorção óssea. Nestes casos, deve-se fazer uma correção na extensão da área basal e também na estabilidade das próteses, evitando assim a irritação da mucosa. Quando os hábitos alimentares não podem ser mudados, aconselha-se uma dieta suplementar.(4,6)
3.Hipertensão

· Sinais clínicos e sintomas: Falta de ar após exercícios, angina por esforços, palpitação, dor de cabeça e tonturas.
· Considerações protéticas: Pode ser necessária uma pré-medicação.(3,4)
4.Diabetes

· Sinais clínicos e sintomas: Boca seca, tendência à obesidade, polidipsia, polifagia e poliúria.
· Alterações nas mucosas: Mais susceptível a traumas, tolerância tecidual a próteses reduzida, hiperemia mucosa, dilatação (edema) e palatopirrose.
· Considerações protéticas: Deve-se dar atenção especial à extensão da área basal; principalmente quanto ao tratamento das bordas da prótese, a fim de evitar ulcerações que seriam provocadas Por essas bordas. É muito importante a manutenção de uma boa higienização dos tecidos e o freqüente retorno para corrigir a oclusão, para melhor estabilidade óssea.(4)
5.Osteoporose

· Sinais clínicos e sintomas: Diminuição na massa esquelética, densidade óssea diminuída radiograficamente.
· Alterações ósseas: Grande reabsorção óssea alveolar, com o avanço da idade. Osteoporose generalizada da maxila e da mandíbula durante a 6ª década em diante.
· Considerações protéticas: A crista óssea alveolar tende ao estreitamento e a crista mandibular ao alargamento, resultando numa mordida cruzada para os dentes posteriores.Com isso, deve-se evitar a redução da distância interoclusal. Há possibilidade de fratura óssea fisiológica. Desta forma, a oclusão deve ser bem balanceada e a área basal aproveitada ao máximo.(4,8)

6.Doenças Dermatológicas - líquen plano
· Sinais clínicos: Hiperqueratose e inflamação da mucosa.
· Alterações na mucosa: Erosão epitelial, ulcerações e formação de placa mucosa.
· Considerações protéticas: Casos severos de líquen planus erosivo ou pênfigos podem ser previnidos com uso de próteses totais confortáveis. (4,7)

7.Infecção por fungos

· Sinais clínicos e sintomas: Lesão hemorrágica (sangue coagulado) facilmente removidos
· Alterações nas mucosas: Inflamação, lesões com sangue coagulado e papilomatosis.
· Considerações protéticas: Deve-se fazer uso de antibiótico e antimicótico para erradicar as lesões por fungos antes de iniciar o tratamento.(4,7)
8.Terapia por radiações

· Sinais clínicos e sintomas: Secura da boca, osteomielite, necrose, trismo dos músculos da mastigação.
· Alterações nas mucosas: Susceptível aos traumas das próteses totais. A necrose por radiação induz à alterações vasculares.
· Alterações ósseas: Necrose do osso juntamente com alterações vasculares induzidas por esta necrose.
· Alterações do S.N.C. e dos músculos: trismo dos músculos.
· Considerações protéticas: Limitação do uso de próteses totais devido ao trismo muscular, à xerostomia, à osteonecrose e à impossibilidade de sobreextensão da área basal, para evitar ulcerações de borda. (3,4)
9.Climatério
· Sinais Clínicos e sintomas: boca seca, tendência a náuseas, áreas vagas de dor, palato alterado e sensação de queimação, devido à glossopirrose.
· Alterações nas mucosas: Brilhante, avermelhada e edematosa.
· Susceptilidade ao trauma da prótese: Queimação na língua e no palato. Formação de pústulas e perda de queratina nas mucosas.
· Alterações ósseas: Osteoporose generalizada.
· Alterações do S.N.C. e dos músculos: Alterações psicológicas e instabilidade emocional.
· Considerações protéticas: Longa fase de ajustes das próteses totais, devido à mucosa e mudanças psicológicas.(4)
10.Doença Pulmonar Crônica (enfisema, bronquite crônica)

· Sinais clínicos e sintomas: Aumento da taxa respiratória, chiado, tosse persistente e abreviação da respiração.
· Alterações do S.N.C. e muscular: Tônus muscular diminuído, baixa susceptilidade ao estímulo e reflexo de tosse reduzido.
· Considerações protéticas: Dificuldade de registro da D.V.O devido à tendência da boca abrir, pequena reserva pulmonar.(4)

11.Distúrbios nas Glândulas Salivares

· Sinais Clínicos e sintomas: Xerostomia, dor e queimação na mucosa.
· Alterações nas mucosas: Sensibilidade aumentada, susceptilidade a escoriações e ulcerações provocadas pela prótese.
· Considerações protéticas: É muito desconfortável o uso de próteses devido a dor, queimação e escoriação fricicional da mucosa.(3,4)
12.Desordens Neurológicas e Paralisia de Bell
· Sinais clínicos e sintomas: Paralisia facial, há um deslocamento da boca para cima no lado oposto e a saliva corre pelo seu ângulo.
· Alterações nas mucosas: O lado afetado fica dormente e o paciente fica incapacitado de sentir o bolo alimentar no lado afetado.
· Alterações do S.N.C. e muscular: Incapacidade de retratar o canto da boca e assobiar.
· Considerações protéticas: O ângulo da boca não distende. Deve-se adicionar volume ao contorno da superfície da prótese maxilar a fim de suportar a flacidez muscular.(4)
13.Parkinsonismo

· Sinais clínicos e sintomas: Lentidão que limita os movimentos, que ficam prejudicados pela rigidez muscular.
· Alterações nas mucosas: Hipoqueratose, mucosa flácida e facilidade de estomatites, provocadas pela prótese.
· Alterações do S.N.C. e muscular: Fala difícil, salivação aumentada, dificuldade de mastigar, por causa dos tremores musculares.
· Considerações protéticas: Necessidade de higiene bucal adequada, usar condicionadores de tecidos, balanceio oclusal, uso de dentes não anatômicos, retenção prejudicada devido ao aumento da salivação, extensão periférica máxima, falta de coordenação muscular,difícil obtenção e manutenção da D.V.O., por causa do tremor e da hipertonicidade muscular.(4)
14. Distúrbios da ATM.

· Sinais clínicos e sintomas: Dor e tensão da articulação, aplainamento da superfície articular, escleroses, redução da distância entre a eminência articular e a cabeça do côndilo.
· Alterações do S.N.C. e muscular: Os movimentos da mandíbula são limitados em todas as dimensões.
· Considerações protéticas: Existe um grande perigo de subluxação durante o processo mastigatório. Os movimentos de excursão da mandíbula são dolorosos. Com isso, há uma limitação na abertura da boca. Dificuldade no registro da relação maxilo-mandibular e na sua reprodução. Desta forma, deve-se fazer freqüentemente ajustes oclusais e o paciente deve ter boa destreza para a inserção da prótese e para a higienização.(4)
15. Doenças da Língua
· Quando um paciente, aparentemente sadio, queixa-se de algum machucado na língua, esta sensibilidade pode ser devido a três fatores: anemia recente, trocas hormonais secundárias à menopausa ou manifestação de ansiedade ou angústia. Além disso, glossites associadas com as trocas estruturais, tais como a perda de papilas ou edemas, podem indicar uma deficiência de ferro ou anemia nas mulheres.
· A língua geográfica é caracterizada pelo aparecimento e desaparecimento de áreas avermelhadas circundadas por uma auréola branca na língua. Raramente são sensíveis, mas o paciente pode querer saber que sua natureza é inóqua.(2,4,7)
16. Edemas Locais de Tecidos Moles

· A maioria desses edemas é de origem inflamatória ou infecciosa. As hiperplasias inflamatórias causadas pelas próteses totais são provocadas por uma resposta a uma irritação crônica de baixa intensidade e varia na consistência e na cor. São encontradas com frequência na periferia das bordas da prótese e podem estar ulceradas.
· A hiperplasia das papilas ou papilomatose ocorre no palato duro sob uma prótese mal adaptada. Geralmente, o tecido apresenta-se vermelho, lustroso e com a superfície granulosa, dando a sensação de uma tecido esponjoso quando apalpado. Pode-se malignizar e é indicada a remoção cirúrgica nos casos suaves.
· O fibroma é o hipercrescimento de tecido fibroso, com uma consistência firme. O tratamento indicado é a remoção cirúrgica.(4,7)

PRINCIPAIS PATOLOGIAS ORAIS
Edentulismo
A perda de todos os dentes, principalmente por cárie ou doença periodontal, é considerado como característica da população idosa.

A prevalência do edentulismo varia na maioria dos países do mundo. Os índios mais altos são encontrados no Reino Unido e na Nova Zelândia e os mais baixos nos EUA.

Felizmente, verifica-se um aumento do número de idosos que tem preservado sua dentição natural. Isto está intimamente relacionado ao nível educacional e sócio econômico do idoso.(2,3,4)
Cáries em superfícies radiculares
A prevalência de cáries em superfícies radiculares nos idosos é alta alcançando 45 a 87% dos idosos.

As estratégias de prevenção destas cáries passam principalmente pela avaliação clínica do risco de cárie do paciente.
A base de um efetivo programa de prevenção de afecções deste tipo devem incluir:

· eliminação dos substratos cariogênicos da dieta e higienização bucal.
· eliminação dos micro organismos com uso de medicamentos.
· indução da remineralização da dentina afetada com o uso de substâncias fluoretadas.
· proteção de partes específicas radiculares de maior risco.
A manutenção da saúde oral depende fundamentalmente da motivação e cooperação do paciente e sua habilidade para escovar criteriosamente os seus dentes. Este último item torna-se um problema para o idoso cujas habilidades manuais tendem a diminuir.

A avaliação, portanto, da capacidade de auto-cuidado do idoso é imprescendível para que se estabeleçam parâmetros seguros de risco às afecções orais pelos idosos. (1,2,3)
Doença periodontal

Tende a aumentar com a idade de forma que 60 a 100% dos idosos com dentição natural necessitam de alguma forma de tratamento periodontal.(2)

5 - CONDUTA ODONTOLÓGICA DO PACIENTE GERIÁTRICO
5.1 - O EXAME
O paciente geriátrico deve sofrer uma inspeção geral de sua conduta aparente. Um exame minucioso deverá ser realizado na região de cabeça e pescoço utilizando-se principalmente da palpação e despendendo atenção especial à consistência dos nódulos da cadeia linfática e da glândula tireóide.

A cavidade oral deve ser examinada em sua totalidade, observando-se o aspecto morfológico, a cor, o tamanho e consistência das estruturas. Deve ser avaliado o grau de mobilidade da língua, fluidez da saliva, mudanças da voz, temperatura corporal e presença de qualquer lesão.

Deve-se considerar o uso de exames complementares quando detectamos lesões na cavidade oral. È o caso de utilizarmos biópsias quando forem encontradas lesões orais no exame oral.(3)

5.2 - MEDICAÇÃO
Os idosos são um grupo considerados mais propensos à adquirem doenças de longo período, devido em parte à sua própria condição orgânica. Logo, a probabilidade de um paciente geriátrico estar sob uso de algum fármaco é muito grande.è muito importante para o cirurgião dentista conhecer a medicação que seu paciente geriátrico está tomando devido a esta ser um indicador de suas condições sistêmicas e ao risco do tratamento odontológico ser influenciado pelo regime terapêutico em uso.

Os fármacos prescritos durante o tratamento odontológico devem ser compatíveis com a medicação previamente tomada, levando-se em conta as interações farmacocinéticas e farmacodinâmicas que possam vir a existir entre as drogas. Deve-se considerar ainda a possível sensibilidade do paciente à alguma droga prescrita.

É de fundamental importância a compreensão completa dos efeitos adversos que possam vir a ser gerados quando do uso regular dos medicamentos. O cirurgião dentista deve realizar investigações minuciosas e completas nesta área antes da prescrição para o paciente geriátrico.

É importante ressaltar o papel fundamental que o dentista assume a prescrição para o paciente idoso, de fornecer preferencialmente por escrito de maneira completamente inteligível, informações sobre o regime terapêutico a ser instituído. Desta maneira estará determinado o sucesso de seu tratamento. (2,8)

5.3 - CONSULTÓRIO
Os dentistas que tratam de pacientes idoso devem levar em conta as mudanças da idade quando planejam seu consultório e selecionam seus auxiliares. Os acidentes são responsáveis por muitas mortes na idade avançada, e a segurança deve ser considerada no projeto do consultório.

A sala de recepção deve ser clara; os móveis devem ser firmes para oferecer suporte; as cadeiras devem ser fáceis para sentar-se e levantar-se delas. A formação do assoalho não deve impedir a locomoção, nem sua presença deve causar a insegurança para andar. O espaço de circulação não deve ter obstáculos como: coisas espalhadas, mesas baixas ou banquinhos. O material de leitura deve ser construtivo, não muito banal nem obsceno.

A sala de atendimento também deve preencher certos requisitos. A cadeira dentária deve ser um tipo que tenha contornos. Deve ter um encosto para a cabeça que seja confortável e que ao mesmo tempo suporte-a bem. O repouso dos braços deve ser móvel, de forma a permitir a fácil entrada e saída da cadeira. O descanso dos pés de maneira a dar um suporte real para os pés. A cuspideira deve ser móvel e ajustável.

Quanto aos auxiliares, estes devem ser adolescentes, porque eles normalmente têm mais cuidado e paciência com as pessoas de idade do que um adulto. Isto sem contar que o velho se sente mais fascinado pelo jovem do que pelo adulto. (3,8)

5.4 - CLASSIFICAÇÃO
As mudanças nos pacientes geriátricos podem ser classificadas como fisiológicas; psicológicas e patológicas. Deve haver um certo cuidado com essas classificações pois nenhum paciente pode ser classificado de uma forma restrita. Deve-se analisar o processo de envelhecimento e descrever seus efeitos sobre as mudanças do paciente para melhor entender esta classificação. (8)

As pessoas idosas usualmente se fixam em um dos três seguintes grupos: aqueles que estão bem conservados física e emocionalmente; aqueles que são realmente idosos e cronicamente doentes; e aqueles que estão entre estes dois grupos. Outra forma de classifica-los é através das reações psicológicas ao processo de envelhecimento. Um grupo é realista, outros têm uma atitude de ressentimento, e há um intergrupo que tem uma atitude de resignação.

A pessoa idosa que é realista é facilmente reconhecível, porque ela envelhece dignamente. Eles são do tipo filosófico e detalhista ou exigente. Eles são vigorosos, ativos, alertas, e usualmente, seguros do ponto de vista econômico, seus conselhos são respeitados em casa e na sua comunidade. Estão sempre atentos para suas mudanças e seu realismo em aceita-las permite apreciar sua idade avançada. Eles seguem instruções, têm orgulho de sua aparência, praticam uma boa higiene oral, cuidam dos dentes e aceitam uma dieta adequada.(4,7,8)

Os ressentidos também são facilmente identificáveis, porque eles são do tipo histéricos ou indiferentes. Eles são doentes de forma crônica, emocional e fisicamente. Eles não aceitam ou se adaptam às mudanças dos tecidos e órgãos. Eles não ouvem conselhos, raramente seguem as instruções, tornam-se negligentes consigo mesmos, com todo o seu corpo, bem como com a higiene bucal e, raramente, cuidam de doenças da boca ou dos dentes. Eles freqüentemente precisam de atenção e se sentem negligenciados ou mal amados.

O tratamento dentário para o grupo dos ressentidos é difícil do ponto de vista psicológico, bem como do filosófico e técnico. Freqüentemente o tratamento deve ser meramente paleativo. O esquecimento leva a faltar às consultas. Ele pode desejar falar e relembrar fatos; pode descrever dores onde não há evidência de sintomas doentios. Para obter a atenção eles podem perder ou destruir suas próteses.

Embora os ressentidos raramente cuidem dos problemas dentários por iniciativa própria, os membros da família freqüentemente ajeitam um tratamento dentário para eles. Procedimentos definitivos não são possíveis em todas as situações, já que estes pacientes não desejam ser tratados. Os resignados variam em estado emocional e sistêmico, e o planejamento do tratamento deve ser definitivo ou paleativo na sua natureza. Por exemplo: talvez seja melhor reembasar ou realinhar as próteses já existentes do que fazer novas. (2,4,8)

5.5 - PROCEDIMENTOS DO DIAGNÓSTICO
É importante para o profissional que ele conheça a história passada odontológica do paciente, uma vez que esta fornece informações valiosas, tais como a atitude do paciente frente a odontologia e ao cirurgião-dentista e se já houve alguma experiência traumática.

Através da obtenção da história médica do paciente, dois fatores devem ser observados:

· comportamento, personalidade, temperatura e capacidade de comunicação do paciente.
· Os medicamentos que este paciente está fazendo uso.(2,7)

6- CONCLUSÃO
Sabe-se que em todo o mundo, inclusive em nosso país, a população encontra-se em envelhecimento, daí é importante termos em mente que os idosos serão pacientes cada vez mais constantes nos consultórios odontológicos.

Visto isso, o cirurgião dentista deve ser um profissional que deve estar cada vez mais bem preparado para lidar com essa parcela da população, tendo conhecimento das transformações fisiológicas pelas quais passam os idosos bem como das patologias que mais o acometem. Deve-se fazer um exame minucioso do paciente na região de cabeça e pescoço não esquecendo dos exames complementares quando lesões na cavidade oral são detectadas. O planejamento do consultório bem como a escolha dos auxiliares é um fator importante. O profissional deve conhecer a história passada odontológica do paciente, observando comportamento, personalidade, se o paciente faz uso de medicamentos entre outras informações valiosas para que possa assim instituir um plano de tratamento mais adequado possível para esse paciente tão especial que é o paciente geriátrico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1. ASTROTH, J.D. Caring for elderly adult. How to prevent, manage root surface caries. Dent Teamwork, v.9, n.5, p.15-21, sep., 1996.

2. CORMACK, Elson. A saúde oral do idoso. [on line]. Disponível na Internet via www.URL: http://odontologia.com.br/artigos/geriatria.html. Arquivo capturado em 12 de janeiro de 1999.
3. DUNKERSON, Joseli Alves. O atendimento ao paciente geriátrico. [on line]. Disponível na Internet via URL: http://odontologia .com.Br/artigos/paciente-geriatrico.html. Arquivo capturado em 12 de janeiro de 1999.
4. RAHN, Arthur O., et al. Syllabus em dentaduras completas. 4ª edição. Rio de Janeiro: Editora Santos, 1990.
5. SHAY,K., et al. The importance of oral health in the older patient. J Am Geriatr. Sco. V.43, n.12, p.1414-22, dec., 1995.
6. SHIP, J.A., et al. Geriatric oral health and its impact on eating. J Am Geriatr. Sco. V.44, n .4, p.456-64,apr.,1996.
7. TOMMASI, Antonio Fernando. Diagnóstico em patología bucal. 2ª edição, São Paulo: Editora Pancaste, 1998.
8. TURANO, José Cerratti & TURANO, Luiz Martins. Fundamentos de prótese total. 2ª edição, Rio de Janeiro: Quintecssence books, 1990.

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